quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Desabafo construtivo de uma apaixonada

Minha psiquiatra havia me definido ontem: apaixonada. Tudo o que planejo, faço e penso é com muita paixão. Não sei não me envolver, não aprendi ainda a ser neutra, a ser totalmente racional. O que pode ser uma qualidade, afinal a vida está aí para ser vivida, pode trazer também alguma angústia. E hoje passei por mais um teste. 
Tivemos quatro aulas para criar um projeto totalmente inovador para a cadeira de Online II. Éramos sete cabeças pensantes. Sete cabeças femininas do sétimo semestre da faculdade de jornalismo. O desafio era gigante. Durante algum tempo brigamos, batemos boca e nos irritamos com os professores. Imaginem, se tivéssemos realmente a capacidade para uma ideia brilhante - nova e viável - não estaríamos sentadas aqui, assistindo às aulas! Nossa indignação foi tanta que resolvemos manter nosso projeto inicial, mesmo após alguns alertas dos nossos mestres.
Pois bem, nesta terça-feira que acabou de terminar, deveríamos defendê-lo perante uma banca, formada pelos próprios, com a presença de um convidado. E lá fomos. Com a cara, a coragem e muita esperança. Apresentamos nossos humildes slides. Tentamos defender nossos argumentos mais coerentes. Buscamos mostrar a viabilidade da nossa ideia. Chegamos até a falar sobre investimentos. Para quê? Para sermos avacalhadas na frente de uma turma inteira. Ok, minha companheiras de grupo acharam algumas críticas construtivas e os outros grupos também foram sabatinados. Ufa...Ufa nada! Minha fúria - leia-se paixão - não foi menor por isso!
É claro que os professores estavam cumprindo o papel deles. A gente sabe que o objetivo era instigar nossas mentes criativas e nosso lado empreendedor. Mas, aí está o problema. Nos cobraram, a caminho do último semestre, por estarmos justamente nesse caminho e não sabermos vender um projeto. Agora - e na hora, suando, bufando - eu me pergunto. Quando sete cérebros que tiveram a mesma formação não conseguem atingir o objetivo proposto por um trabalho não haveria algo de errado nesta formação?
Pois eis meu desabafo. Querem que os jornalistas estejam preparados para chefiar, não saiam da faculdade apenas pensando em ser empregados. Querem que sejamos empreendedores, que pensemos em montarmos nossos negócios próprios. E eu me pergunto, onde se concretiza esse desejo durante os 4 anos de curso? Está na hora de deixarmos as decorebas das aulas de rádio - só para citar UM exemplo - para aprendermos a vender o nosso peixe. A suposta cadeira de administração em jornalismo é resumida em teorias da administração, tão indispensáveis quanto uma máquina de escrever nos tempos do Ipad. Já a cadeira de assessoria de imprensa - onde criamos uma empresa - faz parte do currículo do sétimo semestre. Isso sem levar em conta que é apenas um semestre destinado a uma das áreas do jornalismo que mais cresce e onde mais existem oportunidades de estágio. É, parece que a cabeça dos professores está muito a frente da nossa formação acadêmica.
Sei que nenhum curso consegue acompanhar as mudanças do mercado de trabalho, mas precisava dividir meu sofrimento com alguém que não fosse uma das integrantes do grupo. Querer que o aluno vá atrás do seu futuro profissional, que se especialize e procure preparação fora do perímetro da faculdade é normal. O que me deixa louca é a injustiça cometida conosco, reles aspirantes a jornalistas. Todo mundo sempre pergunta para qual jornal pretendo escrever. Ninguém vê o jornalismo como fonte de lucro. E para mudar esse pensamento, essa atitude, precisaríamos ir muito mais além de quatro aulas. 
#prontofalei

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