quarta-feira, 22 de agosto de 2007

E eu nunca fui à Amazônia...

Esses dias, na aula de Teorias da Comunicação, minha professora carioca, que morou 10 anos na França e hoje está em Porto Alegre, estava falando sobre estruturalismo quando entrou na questão do funcionalismo; a influência que a cultura local provoca nas ações dos seres humanos. Asssunto muito interessante, tese completamente sensata, mas provável desencadeadora de graves equívocos. Evidente, a cultura do lugar em que nascemos, vivemos e formamos nosso caráter é muito importante, afinal o meio pode ser decisivo. Porém, quando essa questão toma outro rumo e passa a se transformar em estereótipo, entramos no campo da generalização, uma palavra delicada e arriscada.
Acontece em todos os lugares, com todo o tipo de gente, desde que o mundo é mundo. Estamos sempre rotulando as pessoas; as atitudes. Pré-conceitos, julgamentos precipitados são muito comuns, acho que é da nossa natureza. Uma forma de "proteção"? Talvez. Um instito natural; não confiar nos outros logo de cara. Entretanto, às vezes extrapolamos. Vejam o exemplo da Famecos. É só alguém escutar aonde faço jornalismo para já surgir uma piadinha qualquer a respeito das pessoas que por lá circundam. Muita gente sequer pisou naquele prédio e, mesmo assim, visões completamente preconceituosas do local são comuns. Está certo, não vamos ser hipócritas, se enxergares alguém com cabelo verde passeando pela Pucrs, provavelmente essa pessoa será da Famecos, é praticamente um dado estatístico, mas vejam bem, eu disse provavelmente. E quando o assunto é festa então? Ah, sempre tem a ver com a Famecos. Baderna? La même chose! Pois agora tenho que dizer: em 3 semestres de faculdade fui em UMA festa de turma. Acreditem. Não é querer defender ninguém, até porque - tenho de admitir - temos preconceito com o pessoal do direito e da administração, temos ué. Mas, como acredito que essa situação nunca será revertida, puxo sardinha pro meu lado, é a vida! Mas então, para exemplificar ainda mais esta questão, preciso contar o que aconteceu ontem, numa noite. Estava eu e minhas fiéis amigas, "heleninha e renatinha", quando uma loira resolveu perguntar se tinhamos deixado nossos casacos no armário, se ela poderia deixar o dela também. Não que a gente comandasse o fluxo de agasalhos, ela só queria uma opinião; saber se ficaríamos ali por perto e aquela coisa toda. Eu disse que achava não ter problema, mas não sabia se ia ficar por ali. Foi quando ela resolveu dar a "sugestã" pra outra miguxa loira (sem querer ofender a primeira - essa merece meu total e completo respeito), dizendo pra ela deixar o casaquito no armário, que a gente ia dar uma olhada. Foi quando a xu***** deu uma olhadinha de canto e disse: "Deixar o casaco aqui? Bem capaz!" Ah, mas coitada da amiga, chegou a ficar constrangida. Óbvio que eu tive que lascar uma daquelas bem de mulher-tirada-do-sério-por-outra-mulher Ela pensou o quê? Que eu realmente ia querer o casaco dela?? Coitada. Se é para furtar, furto bira, muito mais lucrativo.
Bem, enrolei, exemplifiquei e acabei fugindo do meu foco; falar do Brasil estereotipado que temos lá fora. É impressionante como falta informação. Ok, as características mais fortes de uma cultura, de um local, são as que mais importam ao olhar daquele que não está inserido na mesma. Porém, o destaque que certos assuntos ganham no exterior chega a irritar. Na França, por exemplo, Brasil é sinônimo de futebol, carnaval e Amazônia, nada muito além disso. Parece piada, mas ainda existe um certo "mito" em torno da nossa cultura e grande parte disso se deve ao mau trabalho realizado pelos jornalistas. Programações dedicadas ao nosso país se detém a mostrar imagens da Amazônia e do Rio de Janeiro. Para vocês terem uma idéia, quando tive o imenso prazer de andar em solo parisiense, em Fevereiro de 2004, fui parar no hospital. Fiquei mal da gargante, ou melhor, "mal à la gorrrrrrrrge", quando resolvi dar uma de gatona, passeando com os cabelos esvoaçantes pelo rio Sena, sem chapéu. Bom, exames vão, exames vêm, alguém me larga que havia suspeita de butolismo, ou algo do genêro e questiona se eu, por acaso, não estivera na Amazônia nos últimos tempos. Ah claro! Vou todo o findi! Não bastasse essa bizarrice, chega o carnaval e o que as bancas de revista mostram? Mulheres completamentes nuas desfilando! Sim isso acontece, mas pô não são tantas corajosas assim, não vemos apenas mulheres sem a parte de cima do bikini. Todas, sem exceções, estavam MUITO peladas. Talvez eu esteja exagerando, mas que os caras forçam a barra, eles forçam. Mal sabem eles que moro numa província praticamente européia, onde até neva...tá, pra nós é neve né! Que no Brésil existe carro, televisão, tecnologia, Mc Donals, cinema e o maior número de acessos no orkut do mundo!
No final das contas eu mesma acabo por rotular situações, ações e pessoas, nesse post. Sou preconceituosa e faço julgamentos antecipados. Mas está justamente aí a moral da coisa! Não sei a solução e faço sim parte desse senso coletivo. Por isso, o único objetivo aqui é colocar em discussão, o quê, na minha opinião, já é um grande passo.

Um comentário:

Anônimo disse...

também nunca fui à Amazônia...nem vi Mad Maria...
será que eu não sou brasileira? :(

ah e tu esqueceu de comentar que aqui também temos as mulheres mais bonitas neh...as gaúchas...sem generalizar é claro ;)


tah quase um verissimo ju! luis fernando neh...pq pra erico ainda te faltam alguns 457 livros! noblat que se cuide! RUI
beijitos