segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Galochas para que te quero!

E eu que pensava em galocha como moda, diversão, acessorio... No inverno de 2008, muito ouvimos falar na tais das botas de borracha. Aquelas que usavamos quando tinhamos 5 anos, rosa, vermelha ou com um desenho da moranguinho. Parece que as mesmas estavam voltando com tudo, mas deve vez em versão "sou-fashion", tamanho 37. Inventaram listrada, de bolinha, azul, roxa, com caveiras, flores, com xadrez tipo Burberry e todas com uma qualidade em comum: o preço, salgadissimo.
No Brasil é assim, não se escolhe uma roupa por praticidade, vontade de vesti-la ou porque tiramos da nossa cabeça que aquilo é bonito. Nos vestimos todas em série, compramos nas mesmas lojas, temos praticamente os mesmos guarda-roupas e o pior, ele custa caro. Caro é o Renner, ele custa é um absurdo. Sim, porque nem o Renner ja não é mais o mesmo, faz tempo que as blusas deixaram de custar 9,90!
Voltando às benditas. Elas fizeram a cabeça, ou melhor, os pés, das mais "descoladas", ou pelo menos ditas tais, mesmo no Rio de Janeiro, onde, convenhamos, frio é para que os artistas possam fazer um charme com seu novo cachecol. Normalmente, algum espertinho transformador de ultima moda em ultima-moda-popular-possivel de encontramos em qualquer esquina faz o trabalho de desvalorizar o produto.Mas com as badaladas foi diferente e o preço, abençoados 200 reais, em média, não caiu. Sai de la com a idéia de adquirir um parzito, admito, sou influenciada pela moda, pela publicidade, mas eu realmente sempre as achei util. Juro, morar em Porto Alegre não é facil!Andar de ônibus quando chove - não raro - pior ainda!
Pois cheguei em Paris no verão, ja não fazia calorão ha tempos, apesar das francesas so andarem com os dedos de fora. Galochas? Nem pensar, as lojas ainda vendiam os ultimos resquicios do verão. O tempo passou, as vitrines mudaram e a chuva chegou e chegou para nunca mais partir! Não posso mentir, Paris tem dias lindos de sol, mesmo no inverno, mas que chove - e a pior de todas, aquela chuvinha infernal, fininha - chove muito! Foi então que lembrei-me das tais botinas. Vi em algumas lojas, mais de 40 euros, eu esperava pagar 10, afinal, mesmo com flores ou corações elas continuam sendo de bor-ra-cha! E os soldes começam, meu saldo bancario vai pelo ralo...e nada do preço das cretinas baixarem! Até que começa a nevar em Paris, fenômeno raro e que molha muita meia! Um dia, por acaso, entro em uma loja de esportes, onde ha de tudo, principalmente para tãrã...neve!Parfait! Encontrei as verdadeiras galochas, aquelas que a gente utiliza no campo, para colher maçã ou alimentar as vacas!Azul-marinho, posso usar com qualquer calça jeans e o preço, 19,90!Obvio, foram para casa comigo! Elas são tão da roça que até pesadas são, dificil caminhar um dia todo, subir e descer escada de metro com as bichinhas. Mas, minhas panturrilhas nunca estiveram tão em forma e agora estou mais fashion que nunca: tenho um par das famosas galochas e elas realmente tem alguma serventia!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Aprendi, conheci, descobri...

Viagem, sinônimo de descobertas. Ok, ate então nada de novo. Viajar é adquirir conhecimento, sobre tudo, todos e, principalmente sobre nos mesmos. Quando se fica um tempo distante de casa, do nosso pais, da nossa terra natal, o resultado é evidentemente maior; a bagagem que levamos de volta sera sempre o dobro daquela que trouxemos. E, neste caso, não apenas metaforicamente, afinal, viagem tambem é sinônimo de compras, dificil evitarmos.

Pois bem, com os 5 meses de estadia em Paris aproximando-se posso dizer que muita coisa ja aprendi, coisa nova, coisa velha que tinha esquecido ou por algum motivo nao prestado a devida atenção.E não precisa estar em museu ou receber um nome de rua para ser algo importante, nesta imprevisivel e louca rotina, nossos olhos e ouvidos estão sempre sujeitos a receber informações.

Ate agora, ja descobri que os chineses logo, logo, dominarão o mundo; descobri que turista é tudo igualzinho; aprendi a dizer "perdão" e prestar mais atenção nas pessoas em quem eu posso esbarrar; aprendi que não é apenas pais subsdesenvolvido que sofre com o aumento no numero de mendigos; percebi o quão privilegiada sou por conseguir um apartamento em um dos 20 arrondisements; descobri que o Brasil é super avançado em matéria de reciclagem; percebi que ser do Sul, principalmente de Porto Alegre, abre algumas portas parisienses; cometi o maior dos meus pecados: a gula; tornei-me mais confiante em relação à falar outras linguas; descobri como pequenos acontecimentos podem nos deixar rindo à toa; acreditei em amor à primeira vista; aprendi que burocracia pode ser totalmente burra; estou aprendendo a apreciar vinhos; descobri que homens podem dançar e se divertir em uma festa tanto ou mais que uma mulher; confirmei a minha falta de pontualidade para, depois, começar a mudar isto; reafirmei algo ja sabido: meu odio por casais grudentos e extremamente apaixonados em publico; descobri que salto alto e fino é o maior incômodo; comecei a ter mais vontade de conhecer meu proprio pais; aprendi a ser mais educada com pessoas que não conheço e, sobretudo, aquelas com idades mais avançadas; aprendi que francês de verdade tem olhos azuis; acostumei com a idéia de utilizar o metro; aprendi a admitir quando estou errada; passei a acreditar que comida congelada pode ser muito boa, mas a da nossa mãe sera sempre melhor; aprendi que ainda existe romantismo - por vezes exacerbado; descobri que inglês é a lingua mais simples do mundo; percebi que o mais importante é respeitarmos as diferenças; adquiri experiência para ser mãe, mas, o mais importante foi ter certeza de como a minha vida é maravilhosa, o quanto eu sou feliz no meu pais e, por isso, hoje não fico triste, em momento algum, sinto saudades, mas isso é um bom sinal. Porque eu descobri ser cercada pelas melhores pessoas do mundo.