quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Entre lagostas e salmão

Salvatore Cacciola, ex-banqueiro, proprietário do falido Banco Marka, após ser condenado por peculato e e gestão fraudulenta - roubo, bandidagem na linguagem mais chula - foi assunto constante na imprensa por alguns meses. Entre idas e vindas da Itália - queria eu estar foragida em Mônaco - ele acabou, finalmente, condenado ao pior dos castigos: viver em cárcere brasileiro. "Depois de oito anos foragido da Justiça brasileira e de passar 10 meses numa prisão de frente para o Mar Mediterrâneo em Mônaco, o ex-banqueiro Salvatore Cacciola chegou na madrugada desta quinta-feira, 17, ao Brasil. O vôo JJ 8055 da TAM procedente de Paris pousou no aeroporto internacional do Rio de Janeiro Tom Jobim por volta das 4h31.", publicou o Estadão, em 17 de julho 2008. Atentem para a localização da prisão e para a empresa aérea - gostaríamos nós, réles cidadãos honestos, ter condições de adquirir passagens aéreas para Paris pela TAM!
Pois bem...desde julho o italiano não era manchete, mas ontem seu nome foi citado em TODOS os veículos de comunicação, por um único e irrisório motivo: ele teria comido salmão e lagosta, advindos de um restaurante chiquérrimo da Barra da Tijuca. Agora me digam, qual o problema? Sim, eu não enlouqueci. Sei que, como disse o governador do Rio, Sérgio Cabral, "zezinho deve ter o mesmo tratamento de joãozinho". Ou seja, se Cacciolas têm direito à lagosta, Josés da Silva também o teriam. Mas aí vai de cada um, cada qual escolhe o crime que mais lhe convém e o ex-banqueiro preferiu roubar money, bufunfa. Se deu bem! Se a nossa legislação não obriga o ladrão a devolver cada centavo roubado, se ele "apenas" paga através da sua liberdade - o que, na verdade já é uma merda- qual o problema do cara continuar comendo lagostinhas e salmão?
Ironias atrás de ironias, o que eu não concordo é que este assunto vire manchete nacional e gere tanta polêmica. Claro, existe toda a questão do COMO ele conseguiu, provalmente - lê-se certamente - subornou um agente lá que outro. Agora, vamos deixar a hipocrisia de lado. Com a merreca ganhada por esses caras e tudo o que eles têm de ouvir dos presos, quem de vocês, no lugar deles, não se deixaria corromper com uns bons trocados para que Cacciola almoçasse feliz? Ahh façam-me o favor. Pior que todo esse alarde, só a deixa final de todos os âncoras da televisão brasileira: "o advogado de Cacciola nega...". Êta falta de criatividade nisso!